Carros (Foto: Alexfan32/Shutterstock)
No Brasil, apenas empresas certificadas pelo Exército podem blindar veículos
São Paulo lidera a lista dos estados que mais buscam o serviço, com 11,8 mil automóveis blindados no período. Em seguida, o Rio de Janeiro (834), Ceará (521), Pernambuco (313) e Rio Grande do Sul (220). Ainda de acordo com a Abrablin, as marcas que mais aparecem são Toyota (16,7%), Jeep (13,6%), Volkswagen (12,4%), BMW (9,8%) e Volvo (6,8%).
Para o engenheiro mecânico e automotivo, Júlio Câmara, quem opta pela blindagem deve se atentar às regras necessárias para a garantia da proteção do veículo. É importante ressaltar que as empresas precisam ser regularizadas pelo Exército Brasileiro. Já no caso da compra de carros blindados usados, o automóvel deve ser avaliado de forma cuidadosa a fim de verificar se o procedimento foi feito da forma correta.
“A principal vantagem da blindagem é a segurança. Portanto, vale evitar o vidro aberto porque a pessoa fica exposta. Inclusive, é mais adequado que o motorista tenha um treinamento para agir em situações de risco”, destaca.
Além disso, algumas questões precisam ser consideradas antes da escolha, como o tipo da blindagem e custos relacionados à manutenção do veículo. Câmara explica que a blindagem III-A é a mais recomendada para a população em geral, pois resiste às armas de maior porte – as mais usadas em tentativas de assalto, de acordo com o especialista.
“A blindagem III-A resiste à armas portáteis pequenas, como pistola, revólver, armas mais comuns em assalto, por exemplo. Nesse tipo de blindagem, vidros resistentes à bala são instalados nos vidros e na parte opaca do carro (lateral, traseira, teto) é usado um material chamado aramida, que é uma fibra sintética. Esse material resiste a impactos e, em alguns pontos do carro, são colocados chapas de metal, produzidas em aço balístico”, aponta.
Procedimento
Para a blindagem, o veículo passa por uma avaliação prévia antes de ser completamente desmontado. A partir disso, o procedimento pode levar de 30 a 60 dias para ser finalizado. O especialista diz que o tamanho e as características do carro podem influenciar no prazo estabelecido pela empresa. A princípio, todos os carros podem ser submetidos ao processo, entretanto, o recurso é mais recomendado para automóveis com suspensão mais elevada.
“A blindagem pode ser feita em qualquer carro, mas isso traz algumas consequências. O carro vai ficar mais pesado e, consequentemente, terá o maior desgaste em componentes de suspensão, pneus, maior consumo de combustível. Ou seja, a manutenção precisa ser mais frequente”, diz. Ele destaca ainda que veículos SUB suportam melhor a blindagem.
Feito o procedimento, o veículo pode ter um aumento entre 160 kg e 200 kg de peso. Em relação aos valores, Câmara afirma que depende do tipo de blindagem escolhida. No caso da III-A, que é mais recomendada, a exemplo do modelo Sedan, os custos variam entre R$ 70 e 80 mil.
Regras
Conforme a portaria 55, do Comando Logístico (Colog) do Exército, há seis níveis de blindagem, mas apenas quatro são autorizados para uso civil no País. São elas: I (resiste a projéteis calibre .22 e .38); II-A e II (pistolas 9 mm e revólveres .357 Magnum); III-A (submetralhadoras 9 mm e revólveres .44 Magnum).
Para contratar a blindagem do veículo, o proprietário deve apresentar os seguintes documentos: Certificado de Registro de Veículo (CRV) ou Certificado de Licenciamento Anual (CRLV); documento de identidade (RG) ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e comprovante de residência.
Já a pessoa jurídica deve providenciar: Certificado de Registro de Veículo (CRV) ou Certificado de Licenciamento Anual (CRVL); contrato social; registro na Junta Comercial; documento de identidade do representante legal da empresa (RG) ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e comprovante de residência do representante legal. Além dos documentos, é necessário pagar uma taxa para o Exército, elaborar uma Declaração de Idoneidade para assinatura do contrato e solicitar o atestado de antecedentes criminais.
Após o início da blindagem, o cliente deve solicitar o Certificado de Registro junto ao Exército. Ao concluir o procedimento, a empresa blindadora gera o Termo de Responsabilidade, que descreve os materiais usados no processo, o nível de resistência e a validade da proteção balística.